Aparentemente, um senhor inofensivo. Trabalhou como funcionário públcio no poder judiciário e, aos 06 de novembro de 2002, prestou depoimento na 1ª Delegacia de Homicídios de SP, a Dra. Cintia Tucunduva, delegada de polícia, acerca do caso.
Na oportunidade, surpreendentemente, narra a conduta do casal Manfred e Marísia, vítimas do bárbaro crime cometido por seus filhos, como sendo irretocável. Não economiza e rasga elogios ao casal. Em relação a Sra. Marísia, então, não mede esforços pra afirmar que os limites impostos na relação do filho com Suzane, foram "regras positivas". Descreve a sua relação com o casal como sendo harmônica. Estranhamente, aduz que ambas as famílias se encontravam para churrascos no sítio da família Richthofen e que lá, Marísia lhe confidenciava as preocupações com sua filha Suzane, como os estudos, por exemplo. Narra, inclusive, que os pais de Suzane passavam em sua casa para pegar Daniel e levá-lo para a chácara da família, quando não iam para o Parque Ibirapuera.
Adiante, alheio a realidade, diz que o namoro do seu filho com Suzane era acompanhando mais não havia restrições, exceto com horários, desconhecendo qualquer outro tipo de proibição por parte dos pais de Suzane. Menciona que a relação de Daniel com Andreas era de quase irmãos, as vezes até melhor do que relação entre irmãos. A propósito, confirma que o ciclomotor montado por eles e que Andreas usava não era do conhecimento do Sr. Manfred e que escondeu a informação para proteger Andreas.
Detalhe interessante do depoimento do Sr. Astrogildo: "Informa que sempre soube que na casa (dos Richthofen) havia dinheiro porque Marísisa comentava que pagava tudo à vista, inclusive sabia onde o dinheiro ficava e até conhecia a pasta, na casa saberia indetificar, sendo certo que tomou conhecimento pela própria Marísia, juntamente com Manfred".
Adiante: "O depoente afirma que com certeza Daniel, Suzane e Andreas não usam drogas, inclusive há cerca de um ano sua esposa encontrou maconha no quarto do seu filho e o próprio depoente teve uma conversa com Daniel e este lhe disse que na verdade a maconha era de um colega, inclusive fato confirmado pelo depoente. (...) Afirma que Daniel, Suzane e Andreas não são usuários de maconha porque reconhecia o cheiro característico da erva e a fisionomia deles, mais precisamente os olhos, já que a pupila se dilata.
Seguindo seu depoimento, faz menção da data dos fatos e algo chama atenção na descrição feita pelo Sr. Astrogildo, a de que o casal Daniel e Suzane iriam ao motel comemorar o aniversário de Suzane. Estranho o filho dizer para o pai, juntamente com a namorada, que irá comemorar um aniversário no motel.
E mais, informa que viu seu filho Daniel chegando em casa no dia do crime, o qual, em momento seguinte, recebeu um telefonema de Suzane e disse "corre, sai pra fora e liga pra polícia". Informa que, sabendo do ocorrido na casa de Suzane, Daniel ligou para ele e pediu sua presença no local. E diz: "Em seguida, o depoente e sua esposa se dirigiram até a casa de Suzane e quando chegou o filho Daniel, Suzane e Andreas estavam chorando "e muito". Fato novo, já que o policial que atendeu a ocorrência afirma que nenhum dos três, inclusive o Sr. Astrogildo esboçaram qualquer reação. E completa: "...quero deixar claro que Suzane chorava copiosamente e que estava profundamente abalada a ponto do depoente querer levá-la num pronto-socorro para ser atendida. Diz, inclusive, que os três "fizeram uma rodinha de choro, uma pena, triste de se ver Nossa Senhora".
Momento de reflexão: No mínimo, controvertido o depoimento do Sr. Astrogildo. Detalhe: pelo que se extrai dos autos, os pais de Suzane nunca tiveram intimidade com os pais dos Cravinhos. Por isso, soa muito estranha a informação de que se sabia da existência de valores numa pasta específica do imóvel dos Richthofen. Além disso, onde já se viu um filho, diante da namorada, dizer para o pai que vai ao motel comemorar o aniversário dela.
E mais, quem estaria mentindo o PM ou o Sr. Astrogildo, já que os dois dão testemunhos totalmente diversos na delegacia a respeito do choro? E que história é essa de que seu filho nunca teve envolvimento com drogas? Os vizinhos da família já haviam confirmado que os Cravinhos sempre deram problemas pra família por causa do envolvimento com drogas.
Enfim, rumores sempre houve no sentido de que o sr. Astrogildo estaria envolvido intelectualmente no crime em questão. Tanto que muito tempo após o crime, o promotor do caso trouxe à tona esta informação no Fantástico. E nos dias do julgamento, esta informação era recorrente.
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