segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CONTRADIÇÕES

Na sequência dos depoimentos colhidos, as informações prestadas pelos amigos, inclusive o que colocara a motocicleta em seu nome (JORGE), revelam contradições gritantes no depoimento de CRISTIAN. Além disso, os amigos expressam preocupação com o comportamento do amigo.

Afirmam também que o namoro de SUZANE e DANIEL não era mesmo aceito pelos pais de SUZANE, que CRISTIAN tinha sido viciado em cocaína e que agora, aparentemente, só fumava maconha e que alguns dias antes do crime teria ido à casa dos RICHTHOFEN para participar de um churrasco, enquanto os pais de SUZANE estavam no exterior.

Assim que der, pinto novamente...

Acareação: SUZANE x Sr. ASTROGILDO (pai dos criminosos)

I.P. n. 5.025/2002 - Diante de tanta informação desencontrada, a Dra. CÍNTIA TUCUNDUVA, Delegada de Polícia que presidia as investigações, aos 08 de novembro de 2.002, ouviu em termos de acareação (confronto de informações entre duas testemunhas do mesmo fato) SUZANE e o Sr. ASTROGILDO, pai dos criminosos DANIEL e CRISTIAN.

Na oportunidade, ambos sutentaram suas versões anteriores, porém, restou nítido que o Sr. ASTROGILDO já sabendo da verdade tentava a todo custo proteger os envolvidos, especialmente seus filhos que, no caso de CRISTIAN, apesar de ter confessado ser ususário de drogas, o pai insistia em defender a ideia dele não ser viciado.

Nesta fase investigativa já existia uma representação para prisão temporária dos já indiciados DANIEL, CRISTIAN e SUZANE.

1º Depoimento - CRISTIAN CRAVINHOS

Após o depoimento revelador de MARCOS NAHINE, dono da loja de motocicletas, a polícia não tardou a conduzir CRISTIAN até o 27ª D.P. de Campo Belo para ser ouvido. Seu primeiro depoimento foi prestado aos 07 de novembro de 2.002.

Na oportunidade, indagado sobre a moto SUZUKI, disse que nunca havia visto tal motocicleta e nada sabia sobre a mesma. Mas, confusamente, informou que estava com receio de perdê-la, pois havia adquirido a moto com dólares americanos, cuja origem não podia declarar. Depois, disse que a motocicleta SUZUKI era de uma amigo e que pegou a moto apenas para experimentar, eis que conhecia de motos. Adiante afirma que a quantia de dólares usada para a compra da motocicleta foi juntada aos poucos, com a ajuda de familiares, com o objetivo de comprar uma moto.

Pressionado por conta das duas versões distintas, afirma que a moto SUZUKI é sua e que foi adquirida no dia 30/10/2002 (dia do crime), na empresa NAHINE. Informa que pelo fato de seus documentos pessoais terem sido extraviados, a motocicleta foi colocada em nome de um amigo.

No tocante à madrugada daquele dia, informa que esteve na REDPLAY e depois foi pra casa de uma amiga chamada CRISTIANE e lá ficou até às 5 da manhã. Afirma que, na ausência dos pais de SUZANE, esteve no imóvel por duas vezes e que é usuário de maconha, mas já usou cocaína.

Momento reflaxão: Não precisou muito para a polícia ligar a compra da motocicleta com os dólares roubados do casal Richthofen, sobretudo pela incongruência das informações prestadas pelo criminoso CRISTIAN. O cerco havia se fechado.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Depoimento - MARCOS NAHIME (dono da loja de motos)

Um dos depoimentos que acabaram fechando o quebra-cabeças, foi o do Sr. MARCOS NAHIME, dono de uma loja de motocicletas "M. NAHIME MOTOS".

Narra a testemunha que foi procurado por duas pessoas no dia 31 de outubro (mesmo dia do crime), que tinham interesse em adquirir uma moto no valor de até U$ 3.600,00. Informa que a negociação foi feita e que a moto adquirida foi uma Suzuki 1100, no valor de R$ 13.000,00, aproximadamente. Que um comprador chamava-se "CRISTIANO" e o outro Jorge Ricardo March, nome em que deveria ser registrada a moto, segundo o depoente, a pedido do "CRISTIANO" que saiu da loja pilotando a moto.

Ao final do depoimento, a Dra. Cintia, delegada de polícia, informa ao depoente que o tal "CRISTIANO" na verdade é CRISTIAN CRAVINHOS DE PAULA E SILVA.

Dai em diante, não foi preciso muito para que o crime fosse efetivamente desvendado.

Assim que der, eu pinto novamente....

2º Depoimento - SUZANE

Em novembro de 2002, SUZANE é ouvida novamente e não traz nenhum fato novo ao caso, reproduzindo praticamente seu depoimento inicial com algumas contradições.

Depoimento - Reinalva Lira (empregada doméstica)

Outro depoimento que chama atenção nos autos é da empregada Reinalva Lira. Após discorrer sobre o cotidiano da família Richthofen, dentre as revelações que faz, surpreende a de que mesmo trabalhando no interior da casa de Suzane, desconhecia o fato dela estar namorando Daniel. Segundo a empregada, além de nunca ter visto Daniel na casa nos horários em que esteve trabalhando, seu nome sequer era mencionado no local. Informa que veio a saber do namoro no dia dos fatos quando Daniel esteve no local juntamente com uma amiga de Suzane de nome Dani.

Indagada sobre o comportamento de Suzane e de Andreas após o crime, disse: "Na sexta feira, quando efetuava a limpeza do quarto do casal, observou que ANDREAS estava cantando e chegou a perguntar como o mesmo estava passando, e o mesmo lhe respondeu: "já era, acabou". Que SUZANE nada se manifestou quanto ao ocorrido com os pais durante a sexta feira, que algo que lhe marcou é que enquanto a depoente limpava o quarto do casal, até com lágrimas nos olhos, ANDREAS estava cantando.

Momento reflexão: Observem que o comportamento de ANDREAS, segundo a empregada, não era normal, dando a entender que a morte dos pais foi facilmente digerida, quando não aceita com alívio. ANDREAS sabia que o crime iria acontecer.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Depoimento - Sr. Astrogildo (pai de Daniel Cravinhos)

Aparentemente, um senhor inofensivo. Trabalhou como funcionário públcio no poder judiciário e, aos 06 de novembro de 2002, prestou depoimento na 1ª Delegacia de Homicídios de SP, a Dra. Cintia Tucunduva, delegada de polícia, acerca do caso.

Na oportunidade, surpreendentemente, narra a conduta do casal Manfred e Marísia, vítimas do bárbaro crime cometido por seus filhos, como sendo irretocável. Não economiza e rasga elogios ao casal. Em relação a Sra. Marísia, então, não mede esforços pra afirmar que os limites impostos na relação do filho com Suzane, foram "regras positivas". Descreve a sua relação com o casal como sendo harmônica. Estranhamente, aduz que ambas as famílias se encontravam para churrascos no sítio da família Richthofen e que lá, Marísia lhe confidenciava as preocupações com sua filha Suzane, como os estudos, por exemplo. Narra, inclusive, que os pais de Suzane passavam em sua casa para pegar Daniel e levá-lo para a chácara da família, quando não iam para o Parque Ibirapuera.

Adiante, alheio a realidade, diz que o namoro do seu filho com Suzane era acompanhando mais não havia restrições, exceto com horários, desconhecendo qualquer outro tipo de proibição por parte dos pais de Suzane. Menciona que a relação de Daniel com Andreas era de quase irmãos, as vezes até melhor do que relação entre irmãos. A propósito, confirma que o ciclomotor montado por eles e que Andreas usava não era do conhecimento do Sr. Manfred e que escondeu a informação para proteger Andreas.

Detalhe interessante do depoimento do Sr. Astrogildo: "Informa que sempre soube que na casa (dos Richthofen) havia dinheiro porque Marísisa comentava que pagava tudo à vista, inclusive sabia onde o dinheiro ficava e até conhecia a pasta, na casa saberia indetificar, sendo certo que tomou conhecimento pela própria Marísia, juntamente com Manfred".

Adiante: "O depoente afirma que com certeza Daniel, Suzane e Andreas não usam drogas, inclusive há cerca de um ano sua esposa encontrou maconha no quarto do seu filho e o próprio depoente teve uma conversa com Daniel e este lhe disse que na verdade a maconha era de um colega, inclusive fato confirmado pelo depoente. (...) Afirma que Daniel, Suzane e Andreas não são usuários de maconha porque reconhecia o cheiro característico da erva e a fisionomia deles, mais precisamente os olhos, já que a pupila se dilata.

Seguindo seu depoimento, faz menção da data dos fatos e algo chama atenção na descrição feita pelo Sr. Astrogildo, a de que o casal Daniel e Suzane iriam ao motel comemorar o aniversário de Suzane. Estranho o filho dizer para o pai, juntamente com a namorada, que irá comemorar um aniversário no motel.

E mais, informa que viu seu filho Daniel chegando em casa no dia do crime, o qual, em momento seguinte, recebeu um telefonema de Suzane e disse "corre, sai pra fora e liga pra polícia". Informa que, sabendo do ocorrido na casa de Suzane, Daniel ligou para ele e pediu sua presença no local. E diz: "Em seguida, o depoente e sua esposa se dirigiram até a casa de Suzane e quando chegou o filho Daniel, Suzane e Andreas estavam chorando "e muito". Fato novo, já que o policial que atendeu a ocorrência afirma que nenhum dos três, inclusive o Sr. Astrogildo esboçaram qualquer reação. E completa: "...quero deixar claro que Suzane chorava copiosamente e que estava profundamente abalada a ponto do depoente querer levá-la num pronto-socorro para ser atendida. Diz, inclusive, que os três "fizeram uma rodinha de choro, uma pena, triste de se ver Nossa Senhora".

Momento de reflexão:
No mínimo, controvertido o depoimento do Sr. Astrogildo. Detalhe: pelo que se extrai dos autos, os pais de Suzane nunca tiveram intimidade com os pais dos Cravinhos. Por isso, soa muito estranha a informação de que se sabia da existência de valores numa pasta específica do imóvel dos Richthofen. Além disso, onde já se viu um filho, diante da namorada, dizer para o pai que vai ao motel comemorar o aniversário dela.
E mais, quem estaria mentindo o PM ou o Sr. Astrogildo, já que os dois dão testemunhos totalmente diversos na delegacia a respeito do choro? E que história é essa de que seu filho nunca teve envolvimento com drogas? Os vizinhos da família já haviam confirmado que os Cravinhos sempre deram problemas pra família por causa do envolvimento com drogas.
Enfim, rumores sempre houve no sentido de que o sr. Astrogildo estaria envolvido intelectualmente no crime em questão. Tanto que muito tempo após o crime, o promotor do caso trouxe à tona esta informação no Fantástico. E nos dias do julgamento, esta informação era recorrente.